segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Nota:

Foi um desafogar de vapores, agarrar correntes e sacar a tampa do ralo, ou antes, o triste estilhaçar da garrafa de pinga; sei que minha cabeça, como ente alheio ao hospedeiro, se esvaziou e não há mais o que pensar.

sábado, 1 de dezembro de 2012

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

lembrete do alter ego

Pare com o achismo, aproveite e corte o "sei lá" do fim de toda frase longa. Não é professorismo nem mestria mentirosa, de outra coisa foi construído, é empirismo e Ultrapassa. Não sabes de nada, ninguém sabe, já sabemos. As peguntas são sempre claras e só encaixam com respostas curtas. Se te pergunto - choves? - e responde de acordo com tuas experiências de dilúvios e malogros com a chuva sem considerar o prático da pergunta, se me rodeia com invenções sem finalidades, tentando me saciar de suspiro, me desinteresso e quando não me calo - raios! abra a janela e veja! -

Mujica foi visto em seu fusca mateando por aguas dulces, seu nariz estava mais vermelho que nunca pois recém entendia que era o último. Isso é politica.

sábado, 24 de novembro de 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

fim da desintoxicação ou primeiro dia.

Não sou bom em sentar-me à escrivaninha e dedicar horas aos estudos. Me distraio principalmente com as imagens e os possíveis sons, o bom-dia inca, as cores de um golpe, o sorriso paleolítico da rupestragem. Afinal, que merda é a América Latina e o que Bolivar tanto queria? Sou bom em acompanhar com a cabeça, agachar no canto do quarto e contar mentiras, dormir, durmir. Sonhar em premonições triviais, o rosto do motorista de ônibus ou que derramo café na mesa. Me espanto quando acontece e por ter deixado acontecer. Sonho. tamém, que coloquei minha única calça jeans para lavar e me confundo na hora de me vestir. [Tem um gato que mora na mesma casa que minhas poucas coisas e ele as enfrenta com uns olhos cortados; se não lhe dou o que seus olhos pedem (minha vida por instantes), ele mija em todas as minhas coisas sem perdoar os livros e as músicas. As roupas e os instrumentos todos tem aquele cheiro laranjal agora que não tenho mais controle sobre o gato.] Gosto, nesse meio tempo entre a individualidade dos pensamentos quando se está acordado e a novidade do sonho, de encontrar palavras iniciadas com p: prédio pronto pra paulista, preto, prata e poluído por prepotência; e depois esquece-las todas e dormir e durmir. [E no meio da noite de sobressalto desenho mais um olho em papel vergê que retiro com estilete e ponho sobre as pálpebras fechadas, já novamente na cama, para que o diabo pense que estou acordado.] Tenho os pulsos estourados de tanto articular para desmentir, é dificil se concentrar em qualquer coisa que não seja espaços esfumaçados, boca de vulcão. Queria que lá fora fosse feito fumo familiar e fuligem fractal, fomentando os felinos fascistas para que fiquem fora da festa. Na lógica o f é falso e eu é que estou em cima do muro. Não que odeie o Pépe, mas ele me odiou antes. Não posso mais escrever de tanta distração, me fali, continuo outro dia, amanhã.

sábado, 27 de outubro de 2012

Exemplo rápido de um possível Texto de Paulo, o Coelho

Um homem arrastava-se pela Mesopotâmia quando um sábio sumério conselheiro de Sargão cruzou seu caminho:
- Por que te arrastas pobre babilônio? - perguntou o sábio.

Levantando os olhos cinzas para cima, o homem pergunta com sofrimento: Deus, é você? - como não recebia replica, continuou - Oh altíssimo, por que me tiraste a visão antes de ver te?

Sem medo na voz o sábio disse - Para que não procurasse falhas no rosto de Deus, assim como fizeste com teus irmãos.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Abençoados aqueles que souberam dosar o ópio e, antes de abestalhar, enlouqueçeram de olhos abertos.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

oh inquietação alucinante. oh (talvez) tola pretensão. oh insegurança explicativa. oh ópio distraidor.

Sinto-me inteiro num espirar que não cessa! E me reforça o peito não encontrar o passo vacilante e escorregadiço que sempre me levara à porta da resignação!
Quero, hoje mais que nada, agora mais que tudo, silenciar o estampido da grande cidade e acudir o cidadão com meus frescos pensamentos: intimamente (não há outra maneira) encontrei (reforço a restrição à mim) a chave (ou o buraco da fechadura) da pureza (sendo esta nunca o inverso da imundice mas sim a ausência da ciência do bem e do mal) como existência! Mesmo assim, não encontro palavras, creio sem querer, para não pisar o temeroso e silencioso capacho, que não estou à tempo: que me encontro, e os encontro, ainda em verde progressão, imaturo. Pois, caso contrário, não seria dominado e carregado à inquietação, mas sim, à esplendida e serena certeza.
oh alucinações, lhes pergunto...
que fazer?
que fazer?

sábado, 13 de outubro de 2012

qualquer dia desses agente se encontra
pra bater um papo calmo,
um papo calmo,
pra ficar calmo.

e calmamente conversar
conversar
bater na porta da alma,
longe da loucura,
longe da loucura e do barulho dessa cidade,
dessa cidade
dessa cidade
dessa cidade.

domingo, 7 de outubro de 2012

as lembranças nunca são inteiras


Foi tudo uma questão de dobrar o travesseiro ao meio, deixar de tomar água de barriga vazia e com as mãos geladas dar voltas chacoalhadas nas chaves. A melhor maneira de não deixar o demônio entrar no teu quarto – diziam – é trancar a porta duas vezes ao deitar. Deitado na posição de homem morto contornava-se pelo seu aposento em busca donde bater suas cinzas, quando novo, em sua casa, não houve cinzeiros e conservando tal postura, como quem carregará o lar que cresceu nas costas por ainda muito tempo, nunca teve qualquer impressão sobre tal objeto que não fosse em botecos e reuniões - O que seriam dos homens atualizados sem seus cigarros? – pensava desinteressado como muitas vezes já havia feito e haveria de fazer pelo resto de sua encarnação; moldando no barro do pensamento duras formas, arredondando e afinando até não possuir mais corpo a ser explorado, e largaria para secar sem aspecto algum, esquecido por completo.

terça-feira, 2 de outubro de 2012


Tentei uma introdução sobre algo ter para se dizer e ponderar cada palavra ou de como a vida nos dá limões e os deixamos apodrecer. Falhei.

domingo, 30 de setembro de 2012

There should be more sincerity and heart in human relations, more silence and simplicity in our interactions. Be rude when you’re angry, laugh when something is funny, and answer when you’re asked.Anton Chekhov

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O jeito já perdido,
do monstro da caverna,
do filho do caipira,
é toda a essencia que as redes sociais não podem sondar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

21:05 do dia 05/09/2012 inventado ou calculado?

Quantas vezes já não bati na tua porta para que teus olhos, brotando surpresos de traz do portao tomado, sonambulantamente me dissesem que não importa. E numa valsa de palavras cansadas, perguntamos à noite o que se deve fazer.

Febril

Seria frustrante tentar explicar por linhas claras já que tudo toma a neblina e a sombra do sonhador ser a única testemunha. Além das formas absurdas e dos acontecimentos atemporais, a importância de algum passado, de alguma trilha tomada para ali chegar, não existe. Não haveria motivo para tal narrativa, mas já estou acostumado à não servir ao obvio e sim às omissões da minha memória . Existo hoje com o objetivo de documentar para o amanha.
Deveria existir uma palavra para fixar as coisas que não possuem passado estabelecido.

"Eu caçava camarões com uma navalha de barbear em uma lagoa turva de lama. E encontrei três (numero que não me surpreende, trindade, três magos, cabalístico, céu inferno e pugatório) pequenas peças que iriam alimentar todo um escatologico povo cegado pela fome e pelas mãos gentis de uma igreja invisível; Observando de longe, sem receber créditos pela pescaria; Uma multidão sentava em volta de uma mesa redonda. Dum auditório faminto foram escolhidos 3, arbitrariamente, e sempre os que estão sentados na frente, para enganar a míngua. Logo após sentarem-se de volta, uma senhora de cabelo curto e branquíssimo tomou o que parecia ser oguardanapo de papel redondo e encostou a língua onde a comida havia repousado, extraindo o que restou; as cadeiras do fundo ficaram vazias e todos desciam em direção à velha boca para encostarem as línguas umas nas outras, partilhando somente saliva e doenças e acreditanto que a partícula de deus que alimenta o espirito fosse "indilacerável".
Seguiram-se acontecimento mais absurdos e obscuros, algo de rua e de briga, de perseguição e de morte.
Acordei com um quadrado de madeira nas mãos, que era um quadro de tudo que vi sobrepostamentepitados, como os sonhos são. Fui tomado da alegria dos loucos que encontram uma prova de suas alucinações. Porém, re-acordei, sem quadro e sem conciliação harmonioza com o que é real. Suado e cansado.

domingo, 2 de setembro de 2012

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

" "

 O que faz nas horas de folga, Montag? 
 Muita coisa, corto a relva...
 E se fosse proibido?
 Ficaria olhando crescer, senhor.
 Você tem futuro!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

"–.Yo me voy.
Sólo entonces vio la abuela la bicicleta cargada. –Para dónde vas? – Para donde me lleve el viento –dijo el  fotógrafo, y se fue–. El mundo es grande.
La abuela suspiró.
– No tanto como tú crees, desmerecido."

la increible y triste historia de la candida erendira y su abuela desalmada

sábado, 25 de agosto de 2012

ave maria, olha josé, quando seu filho vai voltar?

cul de sac

Bendita seja a lente do óculos, digo do modo mais abrangente possível.
Abrangente, práticos, "trabalharemos com possibilidades", realista - acho que ela nunca se alinhou à estas palavras. Acho, já que já não tenho a certeza nem de que ainda é noite.
Sonhei com ela e acordei com o peito ensopado do meu suor, creio eu. Era uma quimera do tamanho de um São Bernardo, ou de São Bernardo, corpo de leão com rabo de serpente e rosto de menina. Desesperadamente tentava colocar uma música do agrado do monstro mitológico, ó sim, aguarde que logo acho, escute essa, que tal, hã? Espere...- Procurei meus óculos e só os encontrei quando já havia passado o espectro do escritor pelo meu quarto, e não tive tempo de registrar esta passagem. Não possuo em mim tal qualidade, sou oco de tudo meu Deus! Tentei uma introdução sobre ter algo a dizer e falhei. Com dois dedos arrumou seus óculos e posicionou a lampada de maneira que a luz viria diretamente ao papel e não as suas mãos, gostaria de não ter mãos e escrever. Gostaria de não ter olhos e te ver, assim como, não ser e te ter. Oh, me encontro no meio do estampido da louça quebrada, de ombros altos e um susto que criou crosta nas costas. Seria mais fácil não ter me levantado, não ter começado; poderia viver com o aborrecimento de nunca ter tentado mas, perder o sono e falhar, que ambição impaciente! Pois, assim como o sonho vai se derretendo em tua memoria, só te restando as mãos sujas para lembrar-se do gosto, nunca da forma ou de cores, o lampejo, o influxo, a inspiração se esvai. Se retorcendo no vasto solo da cabeça vazia da madrugada perdeu outro sono.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"muchos anos despues, frente al peloton de fusilamiento, el coronel Aureliano Buendia habia de recordar aquella tarde remota en que su padre lo llevo a conocer al hielo."

gabo y su barrilete reaparecieron.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Pelos braços da grosseira censura, subimos no altar do silencio,
oferecemos nossos votos de ausência, para não dar com o aborrecimento.

sexta-feira, 29 de junho de 2012



E quando Ele os perguntava sobre a terra, diziam qualquer coisa, a maioria ainda sentia a dor da morte e com grandes olhos arregalados tremiam algumas palavras forjadas ali na hora ou não se lembravam e respondiam com outra pergunta. Deus gostava das línguas, gostava de usá-las todas juntas, intercalava todas como se dedilhasse por entre elas e muitas vezes com trocas de fonema em fonema; Desprezava as letras, desprezava a escrita e não entendia a vida contemplativa de um leitor;  Chateava-se, vez ou outra, com os casais que nunca se encontraram, com prorrogações sem gol, do tempo perdido e da memória descultivada, do jantar esquecido, do encontro sempre adiado. Surpreendia-se com os suicídios diários. Tantos chegaram a pensar que era apenas frieza sentir a surpresa diante da morte e se depararam com a liberdade de continuar pecando em pensamento. “Deus só não e ciente do que iras dizer”, diriam se pudessem ter certeza disso.

domingo, 24 de junho de 2012

EMARANHADO

Sobretudo em junho, que nos encontramos cochilando em bancos de praças, recebendo gotas no rosto e acordando em meio ao frio mais cinza daqui; Como aquele homem que corre tanto para atravessar bosques e, figuradamente, se encontrar na solidão.
Com esse confuso borbulhar na barriga, emaranhado de mangas que cobrem os braços por completo e te prendem numa teia que não te deixa sair, diria que sofres de algo, apesar de não aparentar moléstia, o "sofrer" é tão teu que nem sei se existe mesmo, voce sabe do que eu estou falando?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Nossa distancia, outra vez, ultrapassou uma virgula e caiu neste espaço que se expande e se engole; Uma boca que se come e se engrandece para se comer tantas outras vezes. Se finalizou no seu lar de infinidades e é aceita como tal.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Also Frightened


Venture my way into the dark
Where we can slip; one takes one by the hand
Let them crawl into the logs that dam
Brown changed the hue of her pen

Excited and screaming, their voices go wild
And rise with the birds mating up in the pines
Down to puddles that breathe, covered by leaves
With mud they'll make prints on their backs

But how?

Will it be just like they're dreaming?
Will it be just like I'm dreaming?
Will it be just like they're dreaming?
Will it be just like I'm dreaming?

But how?

If they're awake till the dawn, well we won't
Fret that they don't have our eye
The ghosts came crowding around and then I
Woke, you slept there on your side

From our window, two lanterns draw signs on the night
And light our two shadows, I watch with delight
Will I want them to be who they will be
Or to be more like their dad?

But how?

Will it be just like they're dreaming?
Will it be just like I'm dreaming?
Will it be just like they're dreaming?
Will it be just like I'm dreaming?

When influence is threatened
Maybe I should let them
Maybe we should let them
And I have a question:

Are You Are Also FRIGHTENED?

No one should call you a dreamer...
Not Now!

sábado, 16 de junho de 2012

Só se lembrava de um quarto nebuloso: cumpridas vigas sustentando uma massa de objetos velhos, não por conta do "ser" que o tempo dá, mas sim por estar neste pantanoso segundo andar onde só toca o que se quiser; comensais da casualidade pontuando com as mãos e pés, em saltos-baixos, o grande baile da preguiça nublada. Alí errava por noites

quarta-feira, 6 de junho de 2012

minha pergunta é precisarei morrer para sentir a bendita ressurreicao?
Como seria se eu tivesse nascido rindo?
E se o meu "ganha-pão, ao invez da navalha, recebe-se só o tempo como juiz?
E se eu tivesse nascido Pixinguinha?
Seria eu quem, ele ou eu?
Fabuloso seria a troca de individualidades.
Ao invez de mim, que só sou eu, posso ser "tu" ou "ele"?
(...)
Quem me dirás que amanha acordo Matheus ou Pixinguinha, a navalha ou o tempo?

terça-feira, 5 de junho de 2012

Aquelas manchas espectrais,
se movem em contrafluxo aos meus olhares,
nunca conseguindo dizer o que é, com o que se parece,
se se movem ou não...
São todas formas decompostas daquilo que já passou, do segundo anterior que incendiou-se.
Se em ti foco muito tempo, dissolves em particulas, gradativamente desaparece como se teu rosto fosse de cores fracas e embaraçadas, finas como cinzas. Os primeiros a se dissiparem são os contornos, barricada pro motim que é teu ser solto, e todos teus tons ficam como clara de ovo, escorregando para a silenciosa anulação de canto de mesa.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

- Ela está comendo o que eu fiz - Dizia para si, como se ainda não soubesse que era ela quem tinha pedido, outra vez, o "Risotto Vermelho". Foi numa segunda-feira em que tomei o corredor para ir ao banheiro e vi Nilson sentado de costas para mim e a chefe, mulher magra de olhos fugitivos, quando me viu passar ergueu a voz dizendo qualquer coisa como "Além de tudo quer ganhar mais?" resumindo sua reunião com o empregado que, ao perceber que aqueles olhinhos fundos desviaram dele para trás dele, virava a cabeça para ver quem ouvira o seu vergonhoso ultimato, a grande, e no fundo já esperada, negativa. Lembro das sombrancelhas de Nilson e da grande pena que senti dele naquele dia. O boné nas mãos e os seus olhos e me pedindo a misericordia do fingimento. Trágicamente silencioso o escutei empilhar a cadeira em que estava sentado e logo após posso jurar ter escutado uma risada nasal da senhora dos olhinhos de vidro.
Outro dia o encontrei sozinho na cozinha, dançando como nunca havia visto, pouco antes da fatidica segunda-feira, sempre o via com um "Bom dia" serissimo na sua cara marcada pelas espinhas em baixo do boné, ombros e braços tão largos que pareciam que iriam despencar de tão pesados, articulação de lenhador, um tipo que só dança quando está tão distraido que já não sabe como se comporta normalmente. Mas nesse dia ele dançava e o surpreendi, nos olhamos como se olham dois acusados. Uma dança primitiva, consistia basicamente em mover os joelhos e dobrar os cotovelos, a esperança triunfando sobre seu corpo, distração incontrolavel. Primeiro planejava um grande porre de ser carregado como um grande boxeador que vence a luta aos cacos, comemoraria o aumento do salário transbordando os bolsos para que o costume da pobreza não se perdesse. Depois lhe escorria um fio de esperança do aumento alcançar para se mudar do quarto de pensão, onde morava com João e João os moços da limpeza que carregavam este cargo apenas na carteira de trabalho, e creio que foi neste pensamento que dançou de euforia esperançosa, era sabado e tudo parecia possível - O outro cozinheiro vai sair de férias, não tem como ela dizer não! - diziam para ele, uma lógica inexistente lhe parecia tão obvia - se ela não quiser, voce ameaça sair!. Disse bom dia e ele piscando seus olhos com força retribuiu em silencio meio abobalhado e apático. As vezes piscava os olhos com tanta força que parecia alguma tentativa de suicidio infantil, querendo fechar os olhos e nunca mais abri-los, outras vezes lançava o pescoço para frente como um cão tomando água da vasilha e também ajeitava seu avental, que já estava no lugar, como se possuisse uma barriga postiça que estivesse caindo. Em dias de muito calor fazia os seus tres cacoetes juntos e eu curiosamente olhava em volta para perceber que era o único a reparar nas repetiçoes de Nilson.
- Olha, a morena alí no canto - Me cutucou com o cutuvelo e com dois dedos abria as palhetas da persiana da janela redonda no meio da porta vai e vem. Olhando para fora, via o cotidiano de uma burguesa paulista, comendo seu risoto de 68 reais acompanhado de uma taça de água Perrier Separados por uma porta estavam Nilson e a morena que todas as quartas-feiras, por volta das 3, pedia o mesmo prato. A história do monstro que espreita a mocinha se repetia. Parado alí ao lado de Nilson o senti humano e triste. Qualquer homem que não recebe amor se torna aquele moleque ranzinza da escola que é o primeiro a ter pelos nas canelas e os esconde, um por um. Nilson era o moleque sombrio que envelheceu e agora me estimava pois eu não tinha contado à todos que falhara no exato momento em que deveria abrir o para-quedas e dizer "Então eu me demito!". Ficou à olhar para fora do "submarino" por mais algum tempo, deixando-se dançar com os peixes, pois não olhava mais para ela, olhava para o centro do salão onde ele estava pousado, bailando com as juntas junto de sua morena. Nilson finalizou, de costas para a porta e o mundo, dizendo para sua imaginação, censurando-a como quem pisa em flores - Gostosa, né?

terça-feira, 22 de maio de 2012

Eh meu pai, olha teu filho

eu mais a minha mulher, vamo fazer um ranchinho todo feito de sapé. Minha mae, eu vou pra lua e seja o que deus quiser.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Foi exatamente as duas horas

Como o dever da água que encontra escorredouro, o sol deslizou pela janela no alto da cozinha, entrando em um feixe denso e compensado. Banhou meu rosto que se movia como pendulo na inquietação dos desnutridos. Brotando do buço e testa gotas vivas do mais puro frio, tremendo sobre pisos antiderrapantes aperto meus olhos e vejo a denúncia de tantas partículas que existem e nem vemos, mas no sol surgem bailando sempre para o alto, feito fumaça de restos de todos. Nesse momento inequívoco e rastejante, onde nenhum segundo é suficientemente grande para uma vida nem pequeno demais para a criação do sol, que a saudades bateu a pino.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

terça-feira, 8 de maio de 2012

Olerite

Praguejo, impesso, tremo de boca cheia de lagrima
Aperto, encurto, miro rosto para-peito.
Seduzo, empurro, palpebra da mão e palma do olho.
Respiro, assino, mil e cem reais pelo mes todinho.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Afundo no vão entre teu pescoço e o colchão, berço do calor que expande esse amor arbitrário, e o resto me parece minimo e gasto.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sentado me vejo anotado pelo espelho laranja, tão pequeno que só reflete meu olho que me espia de lado. Já não há mais que eu na minha vida. Risco papel qualquer com traços infantis, querendo fazer numa forma que pareça com alguma coisa terrena, o formato da minha cabeça. metáfora mais facilmente entendida

terça-feira, 17 de abril de 2012

Te encontro de porto e aceito que cá sou curto. Sou fraco, merce ao silencio que trago de tanto impulsso quanto gosto.
Entro numa linha de pensamento cronofaga, direção onde não se teve infancia ou gripe, traumas e amores. E não há canção que já escutará ou cor que tenha visto. Viro espectador ausente que não toma parte. O desconhecimento total unido à consciencia me levam ao passeio espectral pela sala primeiramente, toco cada objeto e narizes como lesma e tiro o que quero de conclusão. Vago pelos quartos até encontrar a janela dos olhos, aí que zarpo.

domingo, 15 de abril de 2012

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Primeiro Fausto

"Amo como o amor ama.
Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?

....................................

Quando te falo , dói-me que respondas
Ao que te digo e não ao meu amor.

....................................

Ah! não perguntes nada; antes me fala
De tal maneira, que, se eu fôra surda,
Te ouvisse todo com o coração.

Se te vejo não sei quem sou : eu amo.
Se me faltas (...)
... Mas tu fazes, amor, por me faltares
Mesmo estando comigo, pois perguntas -
Quando é amar que deves. Se não amas,
Mostra-te indiferente, ou não me queiras,

Mas tu és como nunca ninguém foi,
Pois procuras o amor pra não amar,
E, se me buscas, é como se eu só fosse
Alguém pra te falar de quem tu amas.

......................................

Quando te vi amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro."

sábado, 7 de abril de 2012

sei sei

Silencio e limpeza, forma sem efeito.
Execuções claras, vidros quebrados.
Instrumento desafinado, faca desafiada.
Esconder-se no telhado, latir no corredor
Sindrome de um, sindrome de outro.

Cansados dias confusos.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Jacob Boehme

e se rapido assim fiz disso um bloco de anotaçoes? de idéias passadas sem merecimento nem de sentar à mesa. Curtidas na mesmice que é o papel escrito, despejadas da panela da cabeça. Te chamaria de devaneio ou aborto?

Agora sou obrigado a engolir meus rastros sem nem mastigar

"Na eternidade, como em uma profundidade imensa fora da Natureza, não há nada mais que uma quietude sem essência; é uma tranqüilidade eterna, um fundamento sem princípio nem fim. Não há termo nem ponto fixo, nem buscar nem encontrar, nem nada que possa ser uma Possibilidade. Deus é a unidade frente às criaturas, como um Nada eterno; não tem fundo (Grund) nem princípio, nem lugar; não possui nada fora de si mesmo. É a vontade da profundidade, do Abismo. É em si mesmo sempre uno, não tem necessidade de espaço nem de lugar. Produz a si mesmo de eternidade em eternidade"

segunda-feira, 26 de março de 2012

É angustia de não ser nada alem de hoje.
Nervosismo que se apodera e não me deixa fazer nada com calma, nada direito.
Sujeito à morte.

terça-feira, 20 de março de 2012

Não existe vergonha no seu semblante, pede carinho como algo que lhe é de direito.

terça-feira, 13 de março de 2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

Não te pediria discursos com tamanha excitação se não soubesse que tantas outras vezes no palato ficou o grito e o sussurro censurado. Mas eu quero ânimo, esta é tua formatura, homem!
Você nunca teve paciência de matar a sede com goteira, resolveu sair e agora está aí, ensopado de sua existência. Preso do lado de fora está sabendo que tanto para o medo como para o prazer nunca se deve entregar as chaves de casa. Porem, tu mesmo que escolheste viver esta chuvosa e solitária quarta-feira de cinzas. 
Só tu de joelhos no palanque e tua cara enfiada na privada, vamos, sorria e me diga: O quão satisfatório é encontrar o teu lugar no mundo?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

E o que fazer? Não vejo solução meu bem, não sei! Se entregar à qualquer outra coisa que seja livre?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Sol esteve se movendo todo o dia e agora, depois de uma vaidosa explosão laranja pelos ares, tudo está ficando escuro. Sinto como se perdesse minhas cores, meu calor; Como se mergulhado em um rio de águas barrentas. Dde uma escuridão densa que tenho medo de mover meus braços, não sei se eles voltarão quando eu ordenar.
Ontem aconteceu a mesma coisa, a luz sumiu e fiquei horas parado, suando frio e apertando tanto minhas mãos que quando o sol voltou eu tinha dores por todos o corpo e hoje, novamente, esse grande mistério!
Abraço meu pai mergulhando-me em seu ombro e ele chora com soluços descorados e magros. Já vem logo a minha mãe para se juntar e abro meus braços com o fim de agarrar os dois. Ficamos assim por meio minuto e de olhos baixos peço a benção e desejo a boa noite. Isto se repete todos os dias.