terça-feira, 25 de outubro de 2011

Entrou na sua habitacao, percorreu, da oficina do aspirador de poh para o quarto barulhento, tudo com um pulo pelo coletivo umido. Escorregam pelo seu corpo mala e blusa afirmando que ia comecar mais uma inspecao de elementos. Tudo quieto, no seu lugar, se banhando de luz amarela e uma sombra que percorre, analitica, fazendo a checagem de estoque. Sim, 8 livros, bioy casares que nunca li, engracado ter sido o primeiro que me foi emprestado quando entrei na habitacao.

Comeca aqueleve navegar a poeira de vassouras irritadas, empurrando tripulantes apressados e desconfiados. No, no hace falta, com licenca.

E silencio.

Busca maneiras, um busca maneiras. Sim, o que falta eh o busca maneiras. Pensei, de verdade, que estava aqui. Todos se entreolhando, com grande esforco para ter no olhar o nao saber o que acontecia -Como aceno, tudo nao eh mais que um aceno. Como xadrez que, depois da grande vitoria, guarda tudo no mesmo pote! - Sim, para depois, com a mesma mao, provar outro caminho.

Afinal, ajoelhado desconfortavelmente agradeco pelo pao e pela agua dada em copos ensaboadoas. Levadas com passos ligeiros, ombros parados e maos coladas. Igual crianca em festa.

Sala de estar, com o esqueiro culpado, Herman Hesse rindo diz que Aquele poeta dos 40 que nao se lembra o nome esta rindo dele, tudo desliza de volta ao seu lugar e a lampada, enfraquecida, entrega a luta para a fumaca.

Um convite que, se eu pudesse enxerga-lo, seria retangular, vermelho bem escuro e sem letras diz que a loucura é só um passo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Escalamos a mesa da merenda para ver de lá de cima as diferenças dos idiomas, nossas tão usuais baíle briga, pisavamos em espaguetes e guardanapos, seus passos de tango empurravam os meus e eu sorria como brincadeira levada a serio.
Pisei na quina, precipício de mesa, estico o braço mais do que o máximo e mesmo assim não alcanço a gola sorridente de sua blusa.
Minhas pernas para o céu e pronto, perder o ar, esbugalhar os olhos em histeria sentida, se sentir bexiga murcha, faltou ar faltou tudo, perdi a pose de intangível imaginando a morte certa.
Meu pulmão assoviando seu alarme de incêndio, pressionando seu corpo contra meu, um furacão de nada me assola.
Irrompe o silêncio criado pelo estrondo das minhas costas no piso com: "Vamos, dê um abraço, se gostam, sim? sim?"
Tento dizer que "perai, tá doendo."
O ar, infinito/inesgotavel, finalmente me pega no colo: "pronto, pronto, nada morre de tombo!"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Paula dois




Acho que essas densas lágrimas nunca vão te deixar ver como eu vejo a morte. Enxergo muito bem que só existem dois tipos, aquela que te persegue e te agarra em uma queda de avião, numa bala de chumbo perdida pelas ruas ou quem sabe em um câncer, inesperado e definhado. Existe também aquela morte que esta estacionada, fica lá parada em um mostruário de padaria dentro de um pacote com 20 cigarros branquinhos, em uma doença que fica escondida atrás da genitália ou em um pó branco que os comerciantes da madrugada vendem.
Pelos meus julgamentos, todos aquele que partem por uma morte que estava estacionada, são suicidas. E você que agora chora e grita dizendo que amarguei tudo que existia de bom na sua personalidade, veja bem, nunca fui à tua casa.