quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Exibia de portas abertas tua casa. Mostrando cada belo detalhe e decoração, misturando o moderno com o antigo. Contrastando o verde e o mogno, o azul e o carvalho. Tudo em tal perfeita harmonia e preenchimento que nem parecia sobrar espaço para a desordem e os sentimento reais. Se dizia uma "fortaleza esculpida em bronze" e que nunca sentira tais emoções.
Só eu que via o quintal de sua cabeça. Pegava tudo quanto era sentimento sólido e enterrava, jogando terra, ironia, musica ruim e livros feministas por cima. Ficava apenas com seu sorriso vazio e seu estado perpétuo de indiferença e tranquilidade forçada.
Uma leve chuva era o suficiente para germinar, e não tardava para nascer da terra umida em lágrimas, belas e teimosas plantas, que todos observavam absortos do umbral da cozinha. Com a cara coberta de vergonha e terra ela arrancava pela raiz e cuspia para longe, sem nem se preocupar se a semente que germinara era de amor ou de ódio.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Quando as coisas começam a repetir muito, ler e reler, ou ver e rever, sempre a mesma coisa, o mesmo angulo, elas perdem o sentido literal e figurado. Como quando voce repete tanto uma palavra que ela se desmembra toda e voce fica só com um monte de letras e sons esquisitos. Ai voce aplica isso na tua vida. E todo dia as mesmas pessoas, fazem as mesmas coisas, esperam os mesmos ônibus. E a repetição é tanta que elas começam a se desmanchar, e voce vê a cabeça de um no lugar da de outro, a voz de um no barulho do carro do outro. E ninguém é mais alguem.
E a situação começa a piorar quando pessoas tão próximas de voce começam a se repetir, e você involuntariamente começa concluir as frases dela. Você acaba com um saco cheio, cheio de pedaço de gente e frases soltas.