sábado, 25 de agosto de 2012

cul de sac

Bendita seja a lente do óculos, digo do modo mais abrangente possível.
Abrangente, práticos, "trabalharemos com possibilidades", realista - acho que ela nunca se alinhou à estas palavras. Acho, já que já não tenho a certeza nem de que ainda é noite.
Sonhei com ela e acordei com o peito ensopado do meu suor, creio eu. Era uma quimera do tamanho de um São Bernardo, ou de São Bernardo, corpo de leão com rabo de serpente e rosto de menina. Desesperadamente tentava colocar uma música do agrado do monstro mitológico, ó sim, aguarde que logo acho, escute essa, que tal, hã? Espere...- Procurei meus óculos e só os encontrei quando já havia passado o espectro do escritor pelo meu quarto, e não tive tempo de registrar esta passagem. Não possuo em mim tal qualidade, sou oco de tudo meu Deus! Tentei uma introdução sobre ter algo a dizer e falhei. Com dois dedos arrumou seus óculos e posicionou a lampada de maneira que a luz viria diretamente ao papel e não as suas mãos, gostaria de não ter mãos e escrever. Gostaria de não ter olhos e te ver, assim como, não ser e te ter. Oh, me encontro no meio do estampido da louça quebrada, de ombros altos e um susto que criou crosta nas costas. Seria mais fácil não ter me levantado, não ter começado; poderia viver com o aborrecimento de nunca ter tentado mas, perder o sono e falhar, que ambição impaciente! Pois, assim como o sonho vai se derretendo em tua memoria, só te restando as mãos sujas para lembrar-se do gosto, nunca da forma ou de cores, o lampejo, o influxo, a inspiração se esvai. Se retorcendo no vasto solo da cabeça vazia da madrugada perdeu outro sono.

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