domingo, 7 de outubro de 2012

as lembranças nunca são inteiras


Foi tudo uma questão de dobrar o travesseiro ao meio, deixar de tomar água de barriga vazia e com as mãos geladas dar voltas chacoalhadas nas chaves. A melhor maneira de não deixar o demônio entrar no teu quarto – diziam – é trancar a porta duas vezes ao deitar. Deitado na posição de homem morto contornava-se pelo seu aposento em busca donde bater suas cinzas, quando novo, em sua casa, não houve cinzeiros e conservando tal postura, como quem carregará o lar que cresceu nas costas por ainda muito tempo, nunca teve qualquer impressão sobre tal objeto que não fosse em botecos e reuniões - O que seriam dos homens atualizados sem seus cigarros? – pensava desinteressado como muitas vezes já havia feito e haveria de fazer pelo resto de sua encarnação; moldando no barro do pensamento duras formas, arredondando e afinando até não possuir mais corpo a ser explorado, e largaria para secar sem aspecto algum, esquecido por completo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário