quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Febril

Seria frustrante tentar explicar por linhas claras já que tudo toma a neblina e a sombra do sonhador ser a única testemunha. Além das formas absurdas e dos acontecimentos atemporais, a importância de algum passado, de alguma trilha tomada para ali chegar, não existe. Não haveria motivo para tal narrativa, mas já estou acostumado à não servir ao obvio e sim às omissões da minha memória . Existo hoje com o objetivo de documentar para o amanha.
Deveria existir uma palavra para fixar as coisas que não possuem passado estabelecido.

"Eu caçava camarões com uma navalha de barbear em uma lagoa turva de lama. E encontrei três (numero que não me surpreende, trindade, três magos, cabalístico, céu inferno e pugatório) pequenas peças que iriam alimentar todo um escatologico povo cegado pela fome e pelas mãos gentis de uma igreja invisível; Observando de longe, sem receber créditos pela pescaria; Uma multidão sentava em volta de uma mesa redonda. Dum auditório faminto foram escolhidos 3, arbitrariamente, e sempre os que estão sentados na frente, para enganar a míngua. Logo após sentarem-se de volta, uma senhora de cabelo curto e branquíssimo tomou o que parecia ser oguardanapo de papel redondo e encostou a língua onde a comida havia repousado, extraindo o que restou; as cadeiras do fundo ficaram vazias e todos desciam em direção à velha boca para encostarem as línguas umas nas outras, partilhando somente saliva e doenças e acreditanto que a partícula de deus que alimenta o espirito fosse "indilacerável".
Seguiram-se acontecimento mais absurdos e obscuros, algo de rua e de briga, de perseguição e de morte.
Acordei com um quadrado de madeira nas mãos, que era um quadro de tudo que vi sobrepostamentepitados, como os sonhos são. Fui tomado da alegria dos loucos que encontram uma prova de suas alucinações. Porém, re-acordei, sem quadro e sem conciliação harmonioza com o que é real. Suado e cansado.

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